walmir ayala
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walmir ayala
A MINHA MORTE SÃO AS COISAS
A minha morte são as coisas
e não poder retê-las,
é a matéria que existe
e resiste
à minha sorte,
como as estrelas.
A minha morte é a manhã
que se estende claríssima
sem temor, é este amor
de só desesperança,
como um clamor.
A minha morte é esta voz
por que a garganta enseia
e não sabe,
ela cabe
inteira nos meus olhos
que a lágrima incendeia.
Sobretudo é
esta vontade
de chorar e ir chorando
como uma única pergunta
sem remédio:
até quando?
CRER
Creio em mim. Creio em ti. Deus, onde mora?
Na vontade de crer que me consente
humano e ardente.
No meu repouso em ti, que me alimenta.
No que vejo e recebo, nesta vara
florida num deserto, em meu maná
de agora e de jamais. Saber-me hoje
tão digno do tempo que me mata
é arder-me em Deus, e este saber me basta.
ISTO É TUDO
As urnas estão fechadas,
os corações estão mudos,
mas o amor paira e condena —
isto é tudo.
As mãos vão entrelaçadas,
o olhar é sereno e agudo,
e o amor é mais do que as almas —
isto é tudo.
A lágrima quase aponta,
O desejo é um breve escudo,
e o amor é quase nada —
isto é tudo.
Re: walmir ayala
Walmir Ayala (Porto Alegre-RS, 4 de janeiro de 1933 - Rio de Janeiro-RJ, 28 de agosto de 1991), foi um poeta, romancista, memorialista, teatrólogo, autor de literatura infantojuvenil e crítico de arte brasileiro.
Autor de uma obra bastante extensa em todos os gêneros, seu romance de maior sucesso, À beira do corpo (1964), conquistou o público e a crítica ao longo dos anos. Colaborou intensamente com diversos jornais e revistas tais como Jornal do Brasil, Correio da Manhã, Última Hora, O Cruzeiro etc. Autor de numerosos livros também para o público infantojuvenil, tornou-se num dos escritores mais premiados de sua geração em todos os gêneros de sua atuação. Organizou diversas antologias, a exemplo da Antologia dos poetas brasileiros – fase moderna (Ediouro, 1967), a quatro mãos com Manuel Bandeira.Traduziu para o português o poema argentino Martín Fierro, de José Hernández, publicado pela Ediouro em 1988.
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