joiedevie Forum de Aziza Rahmouni
Vous souhaitez réagir à ce message ? Créez un compte en quelques clics ou connectez-vous pour continuer.
-39%
Le deal à ne pas rater :
Pack Home Cinéma Magnat Monitor : Ampli DENON AVR-X2800H, Enceinte ...
1190 € 1950 €
Voir le deal

OCTÁVIO MORA

Aller en bas

OCTÁVIO MORA  Empty OCTÁVIO MORA

Message par Admin Mar 13 Sep - 20:44

OCTÁVIO MORA
(1933-2012)


Poeta nascido na Argentina e radicado no Brasil, participou da Geração de 1945 da poesia brasileira.

Aposentou-se como professor titular de Literatura n UFRJ. Estreou em poesia com o livro Ausência viva (1956). Depois publicou Terra imóvel (1959). A esses se seguiram Corpo habitável (1967), Pulso horário (1968), Saldo prévio (1968) e Exílio urbano (1975). Também formado em Medicina, exerceu durante alguns anos a profissão de médico.



TEXTOS EM PORTUGUÊS / TEXTOS EN ESPAÑOL





ULISSES



Porque volvió sin regresar Ulises

M. A. Asturias



Ulisses em Ítaca, vivo ausente

Talvez seja resíduo da viagem,

mas é tão pouco minha esta paisagem

que só posso estar longe desta gente:

Se foi minha, coraram-na tão rente

que a memória mudou toda a folhagem —

falávamos idêntica linguagem —

Falo agora linguagem diferente:

Vivo em Ítaca ausente: minha fronte

alargou-se, meus olhos são maiores,

e na memória trago outros países:

Contudo, já foi meu este horizonte,

já fui jovem aqui: olho arredores,

e vejo Ítaca ao longe, sem raízes.





EM SAQUAREMA



(i.m. Walmir Ayala)



Cemitérios onde os rastos

não são os de humanos pés

mas os de humanas marés

de ressecas e ombros gastos



Os cemitérios tão junto

do mar que do céu defronte

ao deitar-se no horizonte

são do próprio sol defunto



Cemitérios do convívio

com os elementos soltos

os mortos no chão revoltos

mediterrâneos de alívio



Os cemitérios que banha

o mar sem mármores rente

de costas todas de frente

numa encosta de montanha



Cemitérios ou são arcos

de círculos que recordam

os horizontes e abordam

a terra a bordo de barcos



Os cemitérios que olham

para o mar cujo azul frio

cujas ondas só um vazio

preenchem e não o molham



Cemitérios sob os astros

sobre as ondas oscilantes

cujas campas flutuantes

cujas cruzes foram mastros



Os cemitérios que o sul

contemplam em vez do norte

as águas secas da morte

separando o céu do azul



Cemitérios hoje portos

para onde afinal desterram

morrendo os que em vida erram

errantes depois de mortos



Os cemitérios que o vento

atravessa entre destroços

já nus descarnados ossos

sem fôlego ou comprimento



Cemitérios com veleiros

em vez de túmulos Velas

de barcos não de capelas

cemitérios marinheiros.



Admin
Admin

Nombre de messages : 6730
loisirs : peinture/dessin/lecture/et bien d\'autres....
Humeur : joyeuse, le plus souvent.
Date d'inscription : 10/01/2008

http://souzsoleil.sosblog.fr/

Revenir en haut Aller en bas

OCTÁVIO MORA  Empty Re: OCTÁVIO MORA

Message par Admin Mar 13 Sep - 21:08

FACAS

Também o vento, posto
que de cortante frio,
sobre um perfil de rosto
pode perder o fio.

Mas às facas compete,
sob um fogo sem lume,
da luz que se reflete
redescobrir o gume.

Guardadas em bainhas
sem fundo, até o punho,
estendem retas linhas
de força e testemunho.

Mesmo as que já não servem,.
de lâminas opacas,
a custo, porque fervem
na mão, esfriam. Facas.

Penetrantes algumas,
cortantes todas. Quais
são outras e quais umas?
Relâmpagos: iguais.
Admin
Admin

Nombre de messages : 6730
loisirs : peinture/dessin/lecture/et bien d\'autres....
Humeur : joyeuse, le plus souvent.
Date d'inscription : 10/01/2008

http://souzsoleil.sosblog.fr/

Revenir en haut Aller en bas

Revenir en haut

- Sujets similaires

 
Permission de ce forum:
Vous ne pouvez pas répondre aux sujets dans ce forum