Cassiano Ricardo
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Cassiano Ricardo
Fuga em azul menor
O meu rosto de terra
ficará aqui mesmo
no mar ou no horizonte.
Ficará defronte
à casa onde morei.
Mas o meu rosto azul,
O meu rosto de viagem,
esse, irá pra onde irei.
Todo o mundo físico
que gorjeia lá fora
não me procure agora.
Embarquei numa nuvem
por um vão de janela
dos meus cinco sentidos.
E que adianta a alegria
dizer que estou presente
com o meu rosto de terra
se não estou em casa?
Inútil insistência.
Cortei em mim a cauda
das formas e das cores.
(A abstração é uma forma
de se inventar a ausência)
e estou longe de mim
nesta viagem abstrata
sem horizonte e fim.
Um dia voltarei
qual pássaro marítimo,
numa tarde bem mansa
à hora do sol posto.
Então, loura criança,
Ouvirás o meu ritmo
e me perguntarás:
quem és tu, pobre ser?
Mas, eu vim de tão longe
e tão azul de rosto
que não me podes ver.
A graça de quem mora
no país da ausência
certo consiste nisto:
ficar azul de rosto
pra não poder ser visto.
OUTRO EPIGRAMA
Se perdi a inocência
para ganhar o pão de cada dia,
com o suor do próprio rosto
lamento apenas tenha sido tão escassa
a inocência de que eu era servido.
Para que tão facilmente eu a houvesse perdido
e o pão de cada dia, em conseqüência,
me seja, agora, uma simples migalha.
Por que não foi maior minha inocência?
O meu rosto de terra
ficará aqui mesmo
no mar ou no horizonte.
Ficará defronte
à casa onde morei.
Mas o meu rosto azul,
O meu rosto de viagem,
esse, irá pra onde irei.
Todo o mundo físico
que gorjeia lá fora
não me procure agora.
Embarquei numa nuvem
por um vão de janela
dos meus cinco sentidos.
E que adianta a alegria
dizer que estou presente
com o meu rosto de terra
se não estou em casa?
Inútil insistência.
Cortei em mim a cauda
das formas e das cores.
(A abstração é uma forma
de se inventar a ausência)
e estou longe de mim
nesta viagem abstrata
sem horizonte e fim.
Um dia voltarei
qual pássaro marítimo,
numa tarde bem mansa
à hora do sol posto.
Então, loura criança,
Ouvirás o meu ritmo
e me perguntarás:
quem és tu, pobre ser?
Mas, eu vim de tão longe
e tão azul de rosto
que não me podes ver.
A graça de quem mora
no país da ausência
certo consiste nisto:
ficar azul de rosto
pra não poder ser visto.
OUTRO EPIGRAMA
Se perdi a inocência
para ganhar o pão de cada dia,
com o suor do próprio rosto
lamento apenas tenha sido tão escassa
a inocência de que eu era servido.
Para que tão facilmente eu a houvesse perdido
e o pão de cada dia, em conseqüência,
me seja, agora, uma simples migalha.
Por que não foi maior minha inocência?
Dernière édition par Admin le Mar 13 Sep - 15:18, édité 2 fois
Re: Cassiano Ricardo
a noite africana
O inhambú chororó chorou
o sacy pererê assobiou
e a Uiára que nunca ouvira
declaração de amor tão cheia
de rouxinóes e outras espécies de mentira
assim falou, ao novo pretendente:
— A manhã é muito clara...
ha cochichos no mato...
todo cheio de bichos.
(Pois de primeira era só dia,
noite não havia)
Não ha noite na terra e, francamente,
sem noite não me caso com você
porque faz muito sol...
o dia espia a gente
pelo vãos da folhagem...
as jaçanans da madrugada cantaram
agora mesmo pedindo mais sol!
Só casarei cm aquelle que primeiro
me trouxer a Noite..
Vá buscar a Noite".
***
Então o marujo
partiu em seu navio aventureiro
e foi buscar a Noite...
O inhambú chororó chorou
o sacy pererê assobiou
e a Uiára que nunca ouvira
declaração de amor tão cheia
de rouxinóes e outras espécies de mentira
assim falou, ao novo pretendente:
— A manhã é muito clara...
ha cochichos no mato...
todo cheio de bichos.
(Pois de primeira era só dia,
noite não havia)
Não ha noite na terra e, francamente,
sem noite não me caso com você
porque faz muito sol...
o dia espia a gente
pelo vãos da folhagem...
as jaçanans da madrugada cantaram
agora mesmo pedindo mais sol!
Só casarei cm aquelle que primeiro
me trouxer a Noite..
Vá buscar a Noite".
***
Então o marujo
partiu em seu navio aventureiro
e foi buscar a Noite...
Re: Cassiano Ricardo
O Modernismo em Cassiano Ricardo “Viagem sobre o Espelho”
Introdução
Sabe-se que o Modernismo (1922 – 1930) no Brasil teve início com a SAM de 11 a 18 de fevereiro 1922, foi uma geração revolucionária, tanto nas artes como na política: voltada contra toda espécie de "passadismo" e acreditava-se no progresso e nas possibilidades de transformação do mundo; foi uma geração crítica e anarquista; uma geração de combate. Suas armas eram: a piada, o ridículo, o escândalo, a agitação.
Principais autores modernistas
Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Manuel Bandeira, Alcântara Machado, Cassiano Ricardo, Guilherme de Almeida, Menotti del Picchia, Plínio Salgado, Raul Bopp, Ronald Carvalho
Contexto
O Modernismo, além de ter gerado uma revolução estética na literatura, na música e nas artes plásticas, foi um momento único de intenso debate sobre o conceito de identidade nacional. Nunca antes a poesia esteve tão próxima do contexto histórico-social, ideológico e cultural, tendo como um de seus principais objetivos mostrar as faces contraditórias e diversificadas do país. Nos principais centros culturais brasileiros Rio de Janeiro e São Paulo, várias atividades marginais (assim eram chamados os manifestos) começaram a ser realizadas e culminaram com a Semana da Arte Moderna realizada no Teatro Municipal de São Paulo, de 11 a 18 de fevereiro de 1922, e que foi considerado o marco inicial do modernismo Brasileiro.
A primeira guerra mundial provocou no mundo inteiro, alterações profundas na sociedade. O desenvolvimento urbano e industrial acarretado por ela ocasionou a transformação do panorama sócio-econômico brasileiro, sobretudo nas grandes cidades (Rio e São Paulo).
Em toda a Europa e, principalmente na França, falava-se em renovação artística, e intelectual, como Marinetti, criador do Futurismo, que lançou manifestos, exigindo liberdade total para a literatura, que deveria acompanhar a era se vivia: científica e tecnológica.
Biografia
Cassiano Ricardo Leite (C. R. Leite), jornalista, poeta e ensaísta, nasceu em São José dos Campos, SP, em 26 de julho de 1895, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 14 de janeiro de 1974. Eleito em 9 de setembro de 1937 para a Cadeira nº 31 da Academia Brasileira de Letras, na sucessão de Paulo Setúbal, foi recebido em 28 de dezembro de 1937 pelo acadêmico Guilherme de Almeida. Era filho de Francisco Leite Machado e Minervina Ricardo Leite. Fez os primeiros estudos na cidade natal. Aos 16 anos publicava o seu primeiro livro de poesias, Dentro da noite. Iniciou o curso de Direito em São Paulo, concluindo-o no Rio, em 1917. De volta a São Paulo, foi um dos líderes do movimento de reforma literária iniciada na Semana de Arte Moderna de 1922, participando ativamente dos grupos "Verde Amarelo" que se tornaria "Grupo Anta".
Sua obra passou por diversos momentos; inicialmente apresentava-se presa ao Parnasianismo e ao Simbolismo. Com a fase modernista, explorou temas nacionalistas e depois se restringiu, louvando a epopéia bandeirante. Por fim deteve-se em temas mais intimistas, cotidianos.
Introdução
Sabe-se que o Modernismo (1922 – 1930) no Brasil teve início com a SAM de 11 a 18 de fevereiro 1922, foi uma geração revolucionária, tanto nas artes como na política: voltada contra toda espécie de "passadismo" e acreditava-se no progresso e nas possibilidades de transformação do mundo; foi uma geração crítica e anarquista; uma geração de combate. Suas armas eram: a piada, o ridículo, o escândalo, a agitação.
Principais autores modernistas
Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Manuel Bandeira, Alcântara Machado, Cassiano Ricardo, Guilherme de Almeida, Menotti del Picchia, Plínio Salgado, Raul Bopp, Ronald Carvalho
Contexto
O Modernismo, além de ter gerado uma revolução estética na literatura, na música e nas artes plásticas, foi um momento único de intenso debate sobre o conceito de identidade nacional. Nunca antes a poesia esteve tão próxima do contexto histórico-social, ideológico e cultural, tendo como um de seus principais objetivos mostrar as faces contraditórias e diversificadas do país. Nos principais centros culturais brasileiros Rio de Janeiro e São Paulo, várias atividades marginais (assim eram chamados os manifestos) começaram a ser realizadas e culminaram com a Semana da Arte Moderna realizada no Teatro Municipal de São Paulo, de 11 a 18 de fevereiro de 1922, e que foi considerado o marco inicial do modernismo Brasileiro.
A primeira guerra mundial provocou no mundo inteiro, alterações profundas na sociedade. O desenvolvimento urbano e industrial acarretado por ela ocasionou a transformação do panorama sócio-econômico brasileiro, sobretudo nas grandes cidades (Rio e São Paulo).
Em toda a Europa e, principalmente na França, falava-se em renovação artística, e intelectual, como Marinetti, criador do Futurismo, que lançou manifestos, exigindo liberdade total para a literatura, que deveria acompanhar a era se vivia: científica e tecnológica.
Biografia
Cassiano Ricardo Leite (C. R. Leite), jornalista, poeta e ensaísta, nasceu em São José dos Campos, SP, em 26 de julho de 1895, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 14 de janeiro de 1974. Eleito em 9 de setembro de 1937 para a Cadeira nº 31 da Academia Brasileira de Letras, na sucessão de Paulo Setúbal, foi recebido em 28 de dezembro de 1937 pelo acadêmico Guilherme de Almeida. Era filho de Francisco Leite Machado e Minervina Ricardo Leite. Fez os primeiros estudos na cidade natal. Aos 16 anos publicava o seu primeiro livro de poesias, Dentro da noite. Iniciou o curso de Direito em São Paulo, concluindo-o no Rio, em 1917. De volta a São Paulo, foi um dos líderes do movimento de reforma literária iniciada na Semana de Arte Moderna de 1922, participando ativamente dos grupos "Verde Amarelo" que se tornaria "Grupo Anta".
Sua obra passou por diversos momentos; inicialmente apresentava-se presa ao Parnasianismo e ao Simbolismo. Com a fase modernista, explorou temas nacionalistas e depois se restringiu, louvando a epopéia bandeirante. Por fim deteve-se em temas mais intimistas, cotidianos.
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